Síntese do sermão proferido pelo Pr. Marcelo Fernando no II Congresso Missionário Água da Vida, em 11 de dezembro de 2009.
A SUPREMA IMPORTÂNCIA DE UMA VIDA CHEIA DO ESPÍRITO SANTO
Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim. (Isaías 6.8)
Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio. E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. (João 20.21-22)
Que é um missionário? É alguém enviado com uma missão. Quem envia um missionário? Não é a igreja, nem o homem; é o Senhor da seara quem manda os ceifeiros! Missão é um encargo, uma responsabilidade dada por Deus. Muitas mazelas da igreja moderna são resultado do esforço, até da boa vontade, de homens que não foram verdadeiramente enviados por Deus e que, por isso, não possuem um verdadeiro encargo.
O encargo de um missionário é este: que Cristo seja formado no homem. Não existe outro encargo dado por Deus. Deus envia homens que refletem Cristo para servirem de instrumento a fim de Cristo seja formado em outros. Deus só se responsabiliza por aqueles que Ele mesmo enviou, e Ele não envia pessoas de qualquer jeito.
A pergunta de Deus nestes dias continua sendo: “A quem enviarei?” Porque são poucos os que cumprem os requisitos de Deus para serem enviados.
Neste assunto, precisamos compreender que uma vida cheia do Espírito Santo é essencial para que cada crente (não apenas um missionário, no sentido que geralmente damos a esta palavra) possa cumprir o seu encargo do Senhor. Em João 20, Jesus diz: Assim como (da mesma forma que) eu fui enviado, eu vos envio. E como Jesus foi enviado? Certamente que foi no poder e controle do Espírito Santo. Então Ele mesmo diz: Recebei o Espírito!
É interessante notar que, durante 3 anos e meio, os discípulos de Jesus foram inseridos no mais intenso e profundo seminário teológico que alguém poderia experimentar. Eles certamente aprenderam tudo o que era necessário saber, muito mais do que nós hoje somos capazes de estudar com nosso conhecimento humano. Todavia, mesmo conhecendo toda a verdade, os doze discípulos – não apenas Judas! – trairam Jesus. Todos eles falharam! E por que tal aconteceu?
Todos eles foram reprovados porque lhes faltava uma coisa: PODER DO ESPÍRITO SANTO. Por este motivo, logo antes de subir aos céus, Jesus precisava fazer seus discípulos perceberem esta necessidade. Suas últimas palavras são como um alerta: “Falta poder em vós!!!”
Assim como os discípulos antes de Pentecostes, nossas vidas têm sido assim: sabemos o que temos de fazer, mas não conseguimos fazer. Por quê? Porque falta-nos poder do Espírito! No Reino de Deus, saber e querer não são a mesma coisa que PODER. Não se pode obedecer a Deus nem fazer a Sua vontade sem o poder do Seu Espírito.
Após passarem sete dias trancados no cenáculo esperando a promessa do Espírito Santo, quanta coisa mudou! Aqueles homens ainda eram os mesmos frágeis, convardes e inconsistentes discípulos de antes, mas tudo era diferente porque eles estavam cheios do Espírito Santo.
Precisamos compreender que, assim como existe um abismo intransponível entre o pecador e Deus antes da salvação, o qual somente pela Cruz se pode transpor, existe também um abismo intransponível entre o crente salvo pela graça e a vida abundante – e este abismo só pode ser transposto pelo Espírito Santo.
Também os heróis da fé da história da igreja podiam afirmar isto. Eles eram frágeis, cheios de debilidades, mas como Deus os encheu com o Seu Espírito! Muitos deles não eram pentecostais, isto é, não passaram pelas experiências carismáticas que nós costumamos chamar de “ser cheio do Espírito”. Mas todos eles eram “crentes da Bíblia”, que amavam conhecer e obedecer à Palavra de Deus. E Deus não pode deixar de encher do Espírito aquele que se submete à Sua vontade, isto é, à Sua Palavra.
Como poderemos, então, viver uma vida na plenitude do Espírito? A ação do Espírito Santo é constante e permanente na vida dos eleitos de Deus, e enquanto estivermos neste corpo não conheceremos a perfeição à qual Ele quer nos guiar. Todavia, se aprendermos a nos submeter à vontade do Espírito em cada situação, ouvindo a Sua voz e obedecendo aos Seus comandos, poderemos avançar até a maturidade espiritual.
Quando lemos Jo 16.8-11, geralmente pensamos no trabalho inicial do Espírito ao conduzir um homem a Cristo. De fato, quanto estávamos perdidos, o Espírito nos convenceu do pecado, da justiça e do juízo de uma forma especial. Nunca mais precisaremos ser convencidos naquele sentido, pois já fomos regenerados e recebemos uma nova vida. Entretanto, o Espírito Santo continua nos convencendo do pecado, da justiça e do juízo, numa obra sequencial e progressiva, capacitando-nos a experimentar a “vida abundante” do Senhor:
O Espírito nos convence do pecado. Não seremos úteis a Deus com pecados ocultos. O fluir do rio de águas vivas, que é o Espírito, não pode ser obstruído pelo pecado. Muitos crentes querem fazer coisas para Deus, mas a ordem do céu é: primeiro ser, depois fazer. Isto significa que precisamos deixar Deus trabalhar constantemente em nossas vidas, convencendo-nos do pecado e levando-nos ao arrependimento.
Quando lemos a história de Isaías, é exatamente isto que observamos: primeiro Deus trata com o pecado do profeta; somente depois Deus o convoca e o envia. O Senhor não envia pessoas impecáveis, pois somente o Seu Filho viveu sem pecado. Mas Deus envia pessoas tratáveis, homens nos quais Ele possa trabalhar para fazer prevalecer a Sua vontade. Quanto mais somos tratados, mais somos usados; nós crescemos à medida que nos arrependemos.
O Espírito nos convence da justiça. Existe apenas uma justiça aprovada por Deus, e tal justiça é CRISTO. Se nós cremos nisso quando fomos salvos, é bem verdade que muitas vezes somos levados a confiar em nossa própria justiça. O trabalho contínuo do Espírito Santo é convencer-nos de que tal coisa é inaceitável aos olhos de Deus. Há muitos avanços em nossa vida espiritual que, na verdade, são quedas, porque geram orgulho e nos afastam de Cristo como sendo a nossa justiça. Oh, que possamos estar alertas para o fato de que Satanás é perito em pegar crentes pela soberba! Em verdade, o crente que está crescendo espiritualmente não se dá conta disso, justamente porque Cristo está diante dos seus olhos, e Ele é a nossa justiça. Se qualquer outro padrão de vida for o nosso alvo – seja Spurgeon, Whitefield ou George Müller – talvez um dia sejamos como eles foram e nos gabemos disso. Mas se o nosso padrão for o Filho de Deus, então sempre O teremos à nossa frente e nunca estaremos satisfeitos ou orgulhosos daquilo que já alcançamos.
Que possamos sempre nos lembrar de que não fazemos nada – é, sempre, a graça de Deus conosco! (1Coríntios 15.10)
O Espírito nos convence do juízo. Há um juízo para os crentes: o Tribunal de Cristo, pelo qual receberemos segundo o bem ou o mal que tivermos feito por meio do corpo. Precisamos sempre nos lembrar que o juízo começará pela Casa de Deus, e isto significa que precisamos nos preparar, para que, quando esta hora chegar, não fiquemos envergonhados nem tenhamos que esconder o rosto do Senhor.
Que possamos buscar, dia após dia, uma vida cheia do Espírito.