Um homem fraco orando a um Deus Todo-Poderoso

Em 12 de abril de 1850, Charlles Spurgeon escreveu em seu diário:

“As coisas terrenas tem demasiadamente absorvido meus pensamentos hoje. Não tenho sido capaz de fixar minha atenção inteiramente em meu Salvador. No entanto, apesar disso, O Senhor não tem me ocultado o Seu rosto. Ainda que tentado, não fui abatido; ainda que provado, não fui vencido; verdadeiramente, tudo isso é pela soberana misericórdia de Deus. Eu desejo de novo, neste dia, solicitar que o sangue de Jesus que expia o pecado, limpe meus pecados. Oh Deus, mantenha-me embaixo, e então não temerei cair! Oh, visita a Sião e preserva a Tua Igreja; faz que resplandeça em glória! As chuvas de Abril estão caindo hoje; o Senhor não esquece Suas promessas. Jesus tomou meu coração: “Antes que eu o sentir, minha alma me pôs entre os carros de Aminadab”. “Faz-me saber, oh tú a quem ama minha alma ama, onde apascentas, onde descansa ao meio-dia”; quero estar sempre contigo, oh Amado meu, sem mancha e o más formoso! Reúna-se comigo a cada dia, pois Teu abraço é o céu; santifica-me, prepara-me, ajuda-me a produzir fruto e a ser Teu para sempre!”

Fonte: Renato Vargens

Servir, tudo bem… Mas, com alegria?!

“Servi ao SENHOR com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico.” (Salmo 100.2)

Para muitos cristãos, servir a Deus é sinônimo de sofrimentos, cansaço e muita “chateação”. De fato, obedecer à vontade do Senhor tem implicações dolorosas: é preciso “carregar a cruz”, “esmurrar o corpo” e “negar a si mesmo”. O ego do homem é frontalmente combatido pelo agir do Espírito Santo na vida do crente, enquanto buscamos servir a Deus.

Mas o salmista diz que devemos servir ao Senhor com alegria. Isso é possível? Certamente que é. O cristão que continua obedecendo a Deus, mesmo quando tudo lhe é desfavorável, experimenta uma dose de alegria que de nenhuma outra forma pode ser alcançada.

Por que então tantos cristãos sinceros não conseguem ver o Cristianismo dessa forma? Parece que o Evangelho é um fardo terrível, e que os crentes são pobres mulos de carga levando um peso excessivamente desnecessário. Não deve ser assim!

Veja, eu não estou dizendo que um crente não enfrenta dores nem tristezas. Para longe com essa falsa doutrina! Todavia, estou dizendo que todo crente pode permanecer alegre em meio à tristeza, servindo ao Senhor. Ao invés de dizer como os discípulos que abandonaram Jesus: “Dura é esta palavra” (João 6.60), o cristão precisa descobrir que os mandamentos do Senhor “não são penosos” (1João 5.3), antes, “são mais doces que o mel” (Salmo 119.103).

Quando um crente ainda não compreende estas coisas, servir ao Senhor parece um verdadeiro trabalho escravo. A “obediência” desse tipo de servo é geralmente acompanhada por reclamações constantes e desânimo. Ele freqüentemente se questiona: “Por que eu estou fazendo isso?” “Para que isso tudo? É realmente necessário?”. Tal comportamento é fruto de um desconhecimento da natureza bondosa e misericordiosa de Deus e das suas ordenanças.

Quando, porém, os mandamentos do Senhor se tornam mais doces que o mel em nossa boca, então há uma completa mudança na forma de encarar as coisas. O trabalho continua tão cansativo e desgastante como antes. Os problemas continuam os mesmos – quando não pioram! Mas uma alegria inexplicável preenche o nosso coração. Um prazer que antes não existia agora passa a nos dominar. Descobrimos que somos verdadeiros escravos do Senhor, mas o que dizemos então? “Bendita escravidão!” é a nossa resposta. Ser um servo inútil na seara do Senhor deixa de ser um motivo de murmurações e se torna um mote para nossas ações de graças.

Tal alegria não nasce de nossas emoções e, por isso, não está ligada às circunstâncias. Como fruto do Espírito, essa alegria nasce do alto, de Deus, e é derramada no coração de cada crente, que pode então experimentar dela através da fé.

Por isso, irmãos, não desmaiemos nessa jornada. A cada manhã, que possamos encontrar alegria no Senhor. Na presença dEle há abundância da verdadeira alegria.

Pare de ver o cristianismo como uma religião triste e enfadonha. Cristianismo é vida! Busque ao Senhor, e Ele fará a Sua alegria jorrar sobre você.

“Alegrai-vos sempre no Senhor” (Filipenses 4.4)

Em Cristo,
Vinícius

O que é uma vida não-desperdiçada?

É o que significa ter uma vida não-desperdiçada: Cristo ser exaltado. Então, a essência da vida não-desperdiçada é que você viverá sua vida de tal forma – como lida com seu dinheiro, seu estado de solteiro, seu casamento, sua aposentadoria, seu câncer, seu assalto… -, sim, você lidará de tal forma que as pessoas concluam, pela sua vida: JESUS É MAIS VALIOSO QUE TUDO! (John Piper)

NOTA: Esta frase foi retirada de um sermão do John Piper, disponível no blog Voltemos ao Evangelho. A propósito, o “Voltemos” publicou uma série inteira de vídeos com este tema: Uma Vida Não-Desperdiçada. Assista e seja edificado!

Em Cristo,
Vinícius

Voce se acha bom?

“Nenhum homem sabe quão mau ele é, até que ele tenha tentado de toda maneira ser bom. Uma idéia tola, mas muito atual, é que as pessoas boas não conhecem o significado ou não passam por tentações. Isto é uma mentira óbvia. Só aqueles que tentam resistir à tentação sabem quão forte ela é. Afinal de contas, você descobre a força do exército inimigo lutando contra ele, não cedendo a ele. Você descobre a força de um vento, tentando caminhar contra ele, não se deitando ao chão. Um homem que cede ante a tentação depois de cinco minutos, simplesmente não sabe o que teria acontecido se tivesse esperado uma hora. Esta é a razão pela qual as pessoas ruins, de certa forma, sabem muito pouco sobre sua maldade. Elas viveram uma vida abrigada por estarem sempre cedendo. Nós nunca descobrimos a força do impulso mal dentro de nós, até que nós tentamos lutar contra ele: e Cristo, porque Ele foi o único homem que nunca se rendeu à tentação, também é o único homem que conhece completamente o que tentação significa – o único realista no total sentido da palavra”. (C. S. Lewis)

Como diria o apóstolo Paulo, miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Estas palavras de C.S. Lewis são sábias e nos servem de alerta, pois, muitas vezes, nos esquecemos do quanto somos maus em nossa natureza humana depravada e rebelde. E é quando nos esquecemos de nossa perversão que estamos mais vulneráveis a ela. Que Deus nos ajude, em Cristo, a vencermos cada dia as tentações por meio do sangue, da Palavra e do Espírito.

nEle, nossa vitória sobre o pecado,
Vinícius

(P.S.: As palavras finais do texto de C.S. Lewis podem alimentar em alguns a crença de que Jesus Cristo de fato poderia ter pecado. Porém esta interpretação não é verdadeira, uma vez que sabemos da absoluta impecabilidade do nosso Salvador. Jesus Cristo, embora perfeitamente humano, foi gerado sem pecado, sem a natureza depravada de Adão. Por isso, Ele não só estava apto a não pecar – Ele era inapto a pecar! Sua natureza perfeita era completamente avessa ao pecado e irresistível às suas tentações. Mas esta discussão não nos cabe aqui agora, é apenas um alerta para que o texto não seja mal interpretado. Quem quiser se aprofundar neste tema, recomendo este texto de W.E. Best.)

Um pouco de maná: O que é ser cristão?

Este é um quadro-resumo que o A.W. Tozer brilhantemente projetou com tanta precisão de tudo o que representa ser cristão. Tozer precisa ser lido na atualidade. É um forte apelo para resgatarmos valores essenciais do evangelho que foram perdidos no meio da Igreja. Temos muito a aprender com ele.

SER CRISTÃO

Um cristão verdadeiro é uma pessoa estranha em todos os sentidos.

  • Ele sente um amor supremo por alguém que ele nunca viu;
  • Conversa familiarmente todos os dias com alguém que não pode ver;
  • Espera ir para o céu pelos méritos de outro;
  • Esvazia-se para que possa estar cheio;
  • Admite estar errado para que posa ser declarado certo;
  • Desce para que possa ir para o alto;
  • É mais forte quando ele é mais fraco;
  • É mais rico quando é mais pobre;
  • Mais feliz quando se sente o pior;
  • Ele morre para que possa viver;
  • Renuncia para que possa ter;
  • Doa para que possa manter;
  • Vê o invisível, ouve o inaudível e conhece o que excede todo o entendimento.

Fonte: Orthodoxia

NOTA: Concordo inteiramente com o comentário do blog Orthodoxia: Tozer precisa ser mais lido na atualidade. Ao invés da “literatura” pseudo-devocional que temos hoje, que na verdade não passa de motivacionismo e auto-ajuda disfarçados de leitura cristã, autores profundos nas Escrituras e na sua preocupação com uma vida cristã saudável deveriam ser mais divulgados. Mas isso não surpreende: se os crentes não aguentam ouvir uma Palavra sólida, como irão sentir prazer em ler uma Palavra sólida?

Em Cristo,
Vinícius

Três dólares de evangelho

De quanto evangelho você precisa? É só pedir!

“Eu gostaria de comprar mais ou menos três dólares de evangelho, por favor. Não muito, apenas o suficiente para me fazer feliz, mas não demais que eu fique dedicado. Eu não quero tanto evangelho que eu aprenda a realmente odiar a cobiça e a luxúria. Certamente não quero tanto que comece a amar os meus inimigos, prezar a auto-negação, e contemplar o serviço missionário em alguma cultura diferente. Eu quero êxtase, não arrependimento. Transcendência, não transformação. Eu gostaria de ser querido por algumas pessoas gentis, perdoadoras e de mente aberta, mas eu mesmo não quero amar aqueles de diferentes raças – especialmente se tiverem cheiro. Eu gostaria de evangelho o suficiente para fazer minha família segura e meus filhos bem comportados, mas não tanto que eu descubra minhas ambições redirecionadas ou minhas doações por demais alargadas. Eu gostaria de levar três dólares de evangelho, por favor.”

(D.A Carson, fazendo uma ironia sobre o falso evangelho.)

NOTA: Não é exatamente este o evangelho que vemos hoje? Um verdadeiro self-service, no qual escolhemos aquilo que nos agrada, desprezamos o que nos incomoda e simplesmente moldamos a Palavra de Deus às nossas mentes e ao nosso estilo de vida, quando as Escrituras na verdade dizem: “transformai-vos pela renovação da vossa mente” (Rm 12.2). Estamos esquecidos de que o verdadeiro Evangelho é Cristo, e estamos trocando Cristo – alguns por um evangelho de coisas falsas, de fábulas inúteis e profanas; outros, porém, por um falso evangelho mais sutil, de coisas verdadeiras, porém recortadas, despidas de sua essência. É este último falso evangelho que mais me amedronta, pois tem “forma de piedade, negando-lhe, contudo, o poder” (2Tm 3.5). Estamos vendendo o evangelho por quilo, e a maioria – como é de se esperar – não tem desejado comprar mais do que três dólares dessa iguaria quase intragável. Efeitos de uma crise muito mais severa e duradoura que a atual crise econômica.

Em Cristo Jesus,
Vinícius Pimentel

Um pouco de maná: “Me ensina o caminho?”

Como encontrar a saida?

“Ainda assim, torna para mim, diz o SENHOR” (Jeremias 3.1)

Imagine aquela brincadeira que vemos na TV de colocar um ratinho num labirinto, para que ele encontre a saída.

Por mais inteligente que o ratinho seja, ele certamete errará o caminho inúmeras vezes, encontrando becos sem saída, tendo que fazer a volta, batendo a cabeça nas paredes do labirinto… Enquanto isso, nós, que assistimos tudo de cima, poderíamos facilmente indicar qual o caminho certo.

O mesmo acontece no reino espiritual, em nossas vidas. Passamos a maior parte do nosso tempo tentando sair, sozinhos, do labirinto de nossa existência, das confusões da vida… E, nesse esforço maluco, perdemos o rumo, entramos em becos sem saída… E quantas vezes batemos a testa na parede! Enquanto isso, o Criador, lá de cima, enxerga tão fácil a saída…

Como seria simples se simplesmente olhássemos pro céu e disséssemos: “Tá, eu desisto. O Senhor me ensina o caminho?” E Ele, com todo o amor e carinho com que sempre nos tratou, nos apontará a saída e nos guiará a um lugar de descanso.

O terrível erro de nossas vidas é a obstinação, é achar que somos capazes de fazer escolhas certas com a nossa própria inteligência e percorrer o caminho certo com a nossa própria força. Nos recusamos a entender que somos apenas ratinhos perdidos em um labirinto infernal, e que nossa única esperança é olhar para o alto e dizer: “Me ajuda?”

“Feliz é o ser humano que compreende sua limitação, incapacidade e insuficiência, e por fim aceita o inevitável fato de que não pode coisa alguma longe de seu Criador.”